Proposta para a Construção de um Ecossistema de Empreendimentos Sustentáveis na Amazônia

09/05/2012

Projeto Fênix Amazônico desenvolve novos materiais compósitos com fibras de árvores pioneiras da Amazônia




O projeto Fênix utiliza uma abordagem holística para propor a construção de uma rede sustentável, benigna e vibrante de empreendimentos agroflorestais e industriais na Amazônia. Inspirado nas sofisticadas soluções da tecnologia natural, o projeto visa o desenvolvimento econômico harmônico, empregando conceitos e estratégias que estimulem sinergias entre as atividades humanas sem ameaçar a integridade dos ecossistemas naturais remanescentes. Dentre suas varias propostas está a introdução de uma nova cadeia inteligente de produção para produtos ecológicos de madeira. Essa cadeia inicia-se nos plantios conjugados de espécies florestais pioneiras de rápido crescimento -para a produção de fibras-, com madeira de lei de crescimento mais lento -para produção de troncos com pequenos diâmetros-. Os plantios são utilizados na recuperação de áreas degradadas através do enriquecimento de capoeiras, o que permite a inclusão de pequenos agricultores no processo produtivo destas matérias primas. Industrias adaptadas e distribuídas na Amazônia podem então transformar fibras leves das pioneiras, ou varetas de pequenos diâmetros das madeiras duras, em uma grande variedade de materiais compósitos e outras madeiras engenheiradas (prensadas, extrudadas, injetadas, laminadas, agregadas, etc.).
O projeto Fênix Amazônico foi concebido no INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) sob a liderança do pesquisador Antonio Donato Nobre, resultado da cristalização da longa experiência do instituto em botânica, ecologia da floresta, silvicultura tropical, tecnologia da madeira e áreas afins. Depois de alguns anos de amadurecimento conceitual, o projeto atraiu parceria atuante e criativa da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que sob a liderança da professora Alessandra Lucas do Departamento de Engenharia de Materiais constituiu o Grupo de Biocompósitos e Nanobiocompósitos do Fênix.  Esse grupo surgiu e se estabeleceu com o propósito de desenvolver materiais poliméricos com farinhas de madeira e fibras das espécies pioneiras e cercas vivas propostas pelo Fênix.  O grupo da UFSCar desenvolveu novos materiais feitos da mistura de polímeros termoplásticos com as fibras de madeiras amazônicas de ciclo curto - como balsa, caroba, surucucumirá  e marupá -  além de fibras de 2 espécies de palmeiras - pupunha e tucum - para dar origem a uma grande variedade potencial de substitutos para madeira serrada. Estes desenvolvimentos surgiram de estreita colaboração com o pesquisador do INPA Antenor Barbosa, coordenador do Grupo de  Pesquisas em Silvicultura de Espécies Florestais Nativas da Amazônia, e também com grupos de outras Universidades e Centros de Pesquisa no Brasil (UFMG, UFLA, UFBA, Embrapa Instrumentação) e no exterior (Universidade de Copenhagen, INP-Grenoble e Universidade de Strasbourg). Os biocompósitos desenvolvidos, materiais híbridos com virtudes combinadas de madeira e plástico, apresentaram desempenho no mínimo similar ou até mesmo superior ao dos tradicionais compósitos com farinha de madeira de eucalipto, com destaque para surucucumirá, caroba e balsa. As principais aplicações destes compósitos são na construção civil (perfis extrudados, do tipo madeira plástica) e na indústria automobilística (peças injetadas e termoprensadas). O grupo da UFSCar busca hoje fomento para transferir a tecnologia de fabricação dos biocompósitos aos pesquisadores do INPA e auxiliar futuramente na transferência às indústrias locais interessadas na fabricação destes biocompósitos. Os estudos com nanoestruturas de celulose (nanofibrilas e nanocristais) das fibras e farinhas das madeiras Amazônicas estão em andamento e resultados iniciais indicam um excelente potencial para a obtenção destas nanoestruturas, agregando altíssimo valor à estas fibras.

Breve Introdução ao Projeto Fênix Amazônico

Para ilustrar de modo bem sumarizado, o diagrama acima mostra os principais componentes do sistema de produção por onde o ecossistema Fênix de empreendimentos sustentáveis iniciou seu pensar. A floresta conecta-se com as áreas desmatadas por seus serviços ambientais e pelas sementes de espécies madeireiras, fibrosas, oleaginosas, fruteiras, etc. que vão permitir um renascimento das cinzas nas áreas degradadas, reconstruindo ecossistemas produtivos e recriando seus serviços ambientais. Mas esse renascimento agrega agora novas formas de produção para madeiras, fibras, biocombustíveis, alimentos, etc. Como a simples produção de materiais naturais não se sustenta como alternativa econômica viável, é necessária agregação de valor, daí sugere-se a industrialização nas fronteiras rurais, que vão produzir riqueza através da tecnologia e do design em produtos ecológicos de madeira e outros. Por fim, faz-se a ligação com os ecossistemas urbanos através do fornecimento de moveis, casas e artefatos de madeira  em uma direção e no contra fluxo o recolhimento de resíduos plásticos, minerais, etc, que serão reciclados na fabricação dos produtos tecnológicos desta nova madeira ecológica.

Um comentário:

  1. ONDE OBTER A SEMENTE OU DA EMBAUBA TB COMO ´E FEITA A COMERCIALIZAÇÃO, E O RENDIMENTO POR ARVORE É BOM

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